Domingo à noite

            Me bateu uma angústia, algo que não sei explicar. É um nó na garganta. Um sentimento de não querer que chegue o dia seguinte. Não há como adiar, não há como voltar atrás. Ninguém controla o tempo, basta esperar que passe logo.
            Esse é o meu sentimento de domingo à noite. Há anos sinto isso. Sentia quando sabia que tinha prova de física no dia seguinte. Sentia quando acabava o futebol, às 18 horas e eu via a segunda-feira vindo. E sinto, hoje, porque sei que me despeço do final de semana. E não só do final de semana, mas digo um até logo a tantas coisas que gosto. É um sentimento de voltar à rotina.
            É ruim não morar na cidade onde estuda quando você sempre tem que dizer até logo. Toda sexta. Todo domingo. Cada “tchau” é mais dolorido. E é esse sentimento que eu não sei bem explicar. Como uma trava dentro de mim, sinto que queria que congelasse o tempo.
            A gente, muitas vezes, não sabe o que sente, não é? E comigo é assim, quero ir, mas preferia ficar. Uma indecisão entre frio e calor. Eu vi quando uma lagrima escorreu e não escondi que precisava que durasse mais tempo. Sempre ele, o tempo. O tempo não é sempre justo.
            Esse tal de tempo rouba uma parte de mim e substitui por saudade. Quando quero mais, parece rápido. Caso queira menos, é mais demorado. O tempo me confunde e me faz refém. Me faz indecisa com meus sentimentos.

            Foram tantas as vezes em que eu não soube o que sentir, foram muitos os finais de semana em que me despedi. Hoje, me recordo de sempre ter tido esse sentimento de domingo à noite. Olha, mais uma vez sinto isso, aqui e agora, acho que vai ser sempre assim. Talvez seja sempre assim mesmo.

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