Eu fico imaginando nós dois
Sabe
aquela música que consegue falar em um verso tudo o que você não diz em uma
conversa inteira? Então, me pergunto desde sempre porque quando cantadas, as
palavras parecem fluir tão incrivelmente. Coisas em que eu nunca tinha parado
para pensar, e que são absolutas verdades, estão ali expostas de forma simples
e verdadeira. Isso me faz amar uma música.
É lindo
quando rola essa identificação. O cantor conversa com quem ouve, a melodia faz
carinho nos sentimentos. Não precisa de muito, é um momento seu com a música e
só. Aquele instante em que você para e analisa a letra da sua música preferida
e descobre porque ela é a preferida é infinito.
Música é
tão incrível que tomamos posse delas em dois instantes. Basta parecer com algo
que você está sentindo que pronto! “Essa é a minha música”, a gente já define
logo. Sem pensar que mal se sabe quem a escreveu, se o sentido é aquele mesmo,
o que o autor sentiu na hora de escrevê-la, não importa, o fã toma para si tudo
aquilo e não tem volta.
“Às vezes
no silencio da noite, eu fico imaginando nós dois”: quem nunca fez isso? Não há
quem não se identifique. Esses dois podem ser qualquer casal do mundo, mas não,
não tem jeito, cada um toma a canção para si. Estão aí a beleza na arte e a
gratificação do compositor. Isso é lindo. Uma música pode ser de todos no
mundo. Quanto mais pessoas tomam posse daquelas palavras, mais verdadeiro tudo
aquilo parece ser.
A prova
de tudo isso é que música não sai de moda, assim como a arte como um todo. As
referencias vêm de longe e encontram as idéias mais novas. E não só isso, mas
eu também amo ouvir música antiga. Tem canções que marcam época e que são
cantadas geração por geração, carregando os sentimentos.
Aquela
sua música de dez anos atrás, quando ouvida hoje, te traz os mesmos sentimentos
de volta, ainda que só durante aqueles três ou quatro minutos. Você sabe,
exatamente, o que sentiu na época em que a definiu como a sua música. Talvez
porque ela ainda seja um tanto sua.
Foi dessa
forma que algumas pessoas carregaram amores ao longo dos anos, revivendo-os nas
músicas. A pessoa para quem a música foi “dedicada” pode nem fazer mais parte
da sua vida, mas será lembrada, admita que sim. Repito: isso me faz amar ainda
mais uma música.
Aquele
cara era um safado, mas quando tocar a música de vocês, como casal, você vai
rir, menina. Vai entender o porquê ter se apaixonado aquela vez. Vai lembrar
das coisas boas e até achar que valeu a pena. Talvez até chore um pouco com
saudade. A nostalgia vai te tomar e você vai ver que ele não saiu da sua vida,
apenas adormeceu junto aos sentimentos.
O cantor
nem sabia que tocaria tantos fãs. Afinal, ele só estava na fossa e resolveu
escrever. Estava até um pouco sem paciência para aquela melodia e todas aquelas
estrofes sofridas. Só que mesmo assim, sua bad virou sucesso e o mundo acolheu.
Ele achou lindo todos aqueles sentimentos encantando tantas outras pessoas. E a
sua amada até se arrependeu algumas vezes, mas não poderia ser infeliz por meia
dúzia de palavras bonitas. Ele era só mais um grande galanteador.
Assim foi
desde que a música é música, desde que o mundo é mundo. Até porque prefiro nem
imaginar o mundo sem música. As almas estão sempre cantando. As identidades das
pessoas podem estar nas músicas que ouvem. Quem sabe você não conhece o amor da
sua vida só porque têm o mesmo gosto musical? Vai saber! Acho que a arte faz
milagres, às vezes.
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